Criptomoedas: uma bolha ou não?

Muitos economistas tradicionais apontam para a ausência de valor intrínseco nas criptomoedas. Ao contrário das ações, que são apoiadas por ativos e dividendos das empresas, os ativos digitais não geram rendimentos nem estão ligados a quaisquer ativos físicos ou financeiros. Isto sugere que os seus preços atuais no mercado são sustentados unicamente pelas expectativas de crescimento futuro, uma característica típica de bolhas financeiras.

A principal força motriz por trás dos ativos virtuais é a tecnologia blockchain, que representa uma abordagem inovadora para os sistemas distribuídos. A aplicação da blockchain vai muito além de transacções financeiras. Ela é utilizada em áreas como logística, saúde, contratos inteligentes e até sistemas de identificação digital, o que indica que as criptomoedas podem fazer parte de um avanço tecnológico mais amplo.

O Bitcoin é frequentemente referido como o “ouro digital”. Tal como o ouro, a sua oferta é limitada, e pode servir como uma proteção contra a inflação. Num mundo onde os bancos centrais estão ativamente a imprimir dinheiro para estimular as economias, a oferta limitada de criptomoedas torna-as num ativo de reserva de valor atrativo. Particularmente em períodos de instabilidade económica, os investidores procuram alternativas aos ativos tradicionais, como ações ou moedas nacionais.

Embora nos primeiros anos o mercado de ativos digitais fosse dominado por investidores individuais e entusiastas, nos últimos anos o interesse por parte de grandes instituições financeiras tem aumentado. Empresas como Tesla, MicroStrategy e até grandes bancos começaram a investir em ativos virtuais. Isto indica que estas estão a começar a ser consideradas ativos sérios, com potencial de integração no sistema financeiro tradicional.

Os ativos digitais oferecem potencial para a descentralização do sistema financeiro, o que pode reduzir a dependência de bancos tradicionais e instituições governamentais. Muitos destes projetos são criados com o objetivo de proporcionar maior liberdade financeira, especialmente em países com acesso limitado a serviços bancários, tornando as criptomoedas uma solução apelativa do ponto de vista social e de justiça económica.

Um fator chave que pode influenciar o futuro das moedas virtuais é a regulação governamental. Atualmente, os governos de todo o mundo adotam posições distintas relativamente às criptomoedas. Alguns países procuram integrar as crypto na sua economia, desenvolvendo moedas digitais próprias e estabelecendo enquadramentos regulatórios para este setor, enquanto outros preferem medidas restritivas, com proibições ou limitações severas à circulação.

Uma resposta interessante à popularidade das criptomoedas tem sido o desenvolvimento das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Diferentemente das criptomoedas descentralizadas, as CBDCs são controladas centralmente, e podem fornecer aos governos novas ferramentas de gestão do fluxo financeiro.

Os ativos digitais continuam a ser um dos fenómenos mais discutidos e controversos do nosso tempo. A sua história é marcada por crescimento acelerado,seguido de quedas abruptas, o que levanta dúvidas sobre a sua estabilidade a longo prazo. No entanto, não há como negar que as criptomoedas já se tornaram num elemento importante do mundo financeiro e que continuarão a influenciar a sua evolução.

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